quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

AS DROGAS E A PSICANÁLISE SEGUNDO FREUD
Julio César Xavier Langa.
Polo Itapemirim.
1- Introdução; 2- Freud e a sociedade; 3- As frustrações e o uso indiscriminado das drogas;4- Considerações Finais; 5- Bibliográficas.Das drogas:

RESUMO
A psicanálise segundo Sigmund Freud explica muitos conflitos relacionados ao homem moderno. Em seu estudo intitulado “A modernidade bloqueada” o autor apresenta a complexidade e a necessidade do papel do pai como referência, contudo, quando essa figura não existe ou não é representado poderá causar conflitos. Com esse contexto discutiremos um problema que atinge toda a sociedade moderna, as drogas.
Palavras chave: psicanálise – Sigmund Freud – drogas
ABSTRACT
Psychoanalysis second Sigmund Freud explains many conflicts related to modern man. In his study entitled "Modernity blocked" the author presents the complexity and necessity of the father's role as a reference, however, when that person does not exist or is not represented may cause conflicts. In this context we discuss a problem that affects the entire modern society, drugs.
Keywords: psychoanalysis - Sigmund Freud - drugs

1- Introdução:
Partamos das seguintes questões: o que leva um jovem a usar drogas? Como a psicanálise ajudaria a sociedade atual com essa questão? O que diz Freud a respeito da modernidade bloqueada e as frustrações referentes à formação humana? O que leva os jovens cada vez mais ao uso indiscriminado das drogas?
A seguir, esse estudo irá debater essas questões, baseando-se nas teorias apresentadas e estudadas por Freud, diga-se de passagem, que o mesmo também era usuário de cocaína, e em algumas biografias ele defende seu uso.
Entretanto, na sociedade atual, o uso das drogas, tem levado a sociedade moderna a uma luta constante para que seu uso diminua, mas contraria a ações a cada dia surgem novas drogas e com elas novos usuários.
2 – FREUD E A SOCIEDADE
As teorias de Freud procuraram estudar todos os caminhos que levam o homem a viver em sociedade, suas crenças, culturas, medos e frustrações. Freud afirma que: “mesmo a sociologia, que trata do comportamento dos homens em sociedade, não pode ser nada mais que psicologia aplicada. Em última instância só há duas ciências, a psicologia pura aplicada e a ciência pura da natureza.”.
Contudo, observa-se que a psicologia é a mola mestra para um indivíduo viver em sociedade, pois mediante suas condutas, neuroses e frustrações sua convivência em sociedade torna-se abalada e às vezes exclusa vivendo às margens. Em estudos desenvolvidos por Freud, essas questões se tornam importantes na estruturação do homem contemporânea, observando que muitos não sabem conviver com o fracasso, vindo à tona a frustração e com ela a neurose.
Para Freud: “um ser humano se torna neurótico por não poder suportar a frustração imposta pela sociedade com seus ideais culturais.”.
Nesse contexto, ele aponta que o homem para viver em sociedade, precisa primeiramente aprender a conviver com suas frustrações, exigências individuais de satisfação e aquilo que é socialmente permitido.
3 – AS FRUSTRAÇÕES E O USO INDISCRIMINADO DAS DROGAS
Vê-se que as frustrações e os conflitos que elas desencadeiam têm provocado muitos problemas na sociedade atual. Um desses problemas é o uso de drogas, que por sua vez causam delírios e prazeres ao cérebro dos homens. Nessa vertente vê-se que muitos jovens buscam as drogas para satisfazerem suas frustrações e angústias. Muitas dessas ações nascem no seio da estrutura familiar, cujo papel do pai é de grande importância, sendo elemento essencial e norteador na formação psíquica do ser humano.
O papel paterno quando não desenvolvido acaba representando o desamparo que se torna o afeto subjetivo central. Freud apresenta a questão do desamparo, como certo desencantamento do mundo.
Diante disso, cita-se um exemplo: uma criança que vê o pai como herói e de repente descobre que ele não é o herói que ele sonhava, estará frustrada, desamparada com os acontecimentos a sua busca por prazeres será maior, o que possibilitará o contato com as drogas um caminho mais fácil para a solução dos seus conflitos.
Segundo Freud: “desamparo sentido ao se defrontar com a irredutibilidade da contingência de sua posição existencial diante da contingência de acontecimentos que sempre apresentam na dimensão do acaso.”.
Com isso na atualidade, a busca cada vez maior dos homens por drogas dá-se pelo desamparo desencadeado por incidências psíquicas de frustrações causando um desencantamento do mundo.
A modernidade e a socialização dos homens assim como seus conflitos fazem com que busquem um modo de defesa contra o sofrimento psíquico adivinho do sentimento de desamparo, aqui relacionado à questão das drogas. Esses estímulos psíquicos apresentam reações diversas tendo como principio o prazer, Freud alude que, “A propósito da vida humana” rege-se, então, pelo "princípio de prazer", ainda que ele não tenha possibilidade alguma de ser executado, já que todas as normas do universo mostram se contrárias: "a intenção de que o homem seja ‘feliz’ não se acha incluída no plano da ‘Criação’." A felicidade em sentido restrito - satisfação de desejos represados em alto grau - só é possível enquanto manifestação episódica. E a infelicidade, muito mais freqüente, vem-nos de três direções:
O nosso próprio corpo, condenado à decadência e dissolução; o mundo externo material, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; a sociedade e a cultura. Penso que a ultima é a mais cruel de todas, pois são os conflitos da sociedade moderna que direcionam as pessoas a buscas de prazeres através das drogas. Muitas vezes, isso acontece quando os seres humanos não conseguem vencer seus obstáculos e com eles se tornam frustrados, desamparado perante a suas conquistas, partem em busca de algo que sacie seus desejos, é nesse contexto que surgem as drogas, tendo o principio de que proporcionam prazeres e preenchem os vazios produzidos por seus fracassos.
Com isso, a busca para a solução dos problemas e sofrimentos, muitos tentam , porém não conseguem, colocando o sofrimento em primeiro lugar, à frente da obtenção de prazer. Freud passa, então, a considerar algumas das diferentes vias pelas quais buscamos evitar os sofrimentos e alcançar a felicidade, partindo da aniquilação dos nossos próprios desejos, por meio de alguma prática de ascese espiritual; a reorientação dos objetivos das pulsões para evitar frustrações. É este o caso das sublimações, como ocorre, por exemplo, na produção de obras de arte. O trabalho pode classificar-se aqui, quando não constituir apenas um meio de garantir a satisfação de necessidades; o distanciamento da realidade, por meio da fruição de obras de arte; o ‘abandono’ da realidade, por meio da loucura; a busca de ‘objetos de amor’, para os quais dirigirem a pulsão libidinal.
Sem pretender esgotar todas as vias, ele reflete que a escolha individual pela particular combinação de que quantidade de pulsão dirigir para cada uma dessas alternativas depende da especificidade de cada sujeito e da singularidade da interação entre constituição psíquica e circunstâncias do ambiente e da história de cada um. Mas vamos considerar, ainda, duas outras vias explicitadas por Freud, fundamentais para o tema que percorremos:
A deformação do mundo real, por meio de um delírio de massa, como no caso das religiões. Aqui, se paga o preço da intimidação da inteligência e do infantilismo psicológico; a mais grosseira, porém a mais eficaz: uma droga. A droga tanto aumenta o prazer, quanto diminui a sensibilidade ao desprazer. E oferece-se como um meio de atingir um alto grau de independência do mundo externo e da realidade, proporcionando um refúgio em um mundo próprio.
È importante frisarmos que o valor que vários indivíduos e sociedades conferem à droga, reservando-lhe um lugar permanente na economia da libido humano, ocorre da seguinte forma: o desperdício de uma grande quota de energia com a droga, que poderia ser empregada no aperfeiçoamento do destino humano; o fato de a independência da realidade e o refúgio no mundo interior, por meio da droga, poderem constituir-se em.
Para Freud “A felicidade, no sentido reduzido em que a reconhecemos como possível, constitui um problema da economia da libido do indivíduo”. Não existe uma regra de ouro que se apliquem a todos: todo homem tem de descobrir por si mesmo de que modo específico ele pode ser salvo. Todos os tipos de diferentes fatores operarão a fim de dirigir sua escolha. (...)
Freud é claro em suas posições em relação ao uso das drogas: o gozo absoluto é impossível e somente dose moderadas de prazer oferecem-se como viáveis. A busca dessa felicidade moderada apresenta-se como um desafio considerável: cada um de nós tem que encontrar, por si próprio, o seu caminho particular, que conduza à meta desejada. Alguns fracassarão nesse trajeto e, como alternativa de prazer, recorrerá a trilhas substitutas: a neurose, a psicose ou a toxicomania; ou, ainda, à religião, que oferece os seus delírios coletivos, que podem ser empregados em substituição à elaboração de sintomas individuais.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo apresentou algumas teorias de Freud relacionadas às drogas, observou-se que muitos problemas que a sociedade moderna enfrenta têm fundamentos nos estudos desenvolvidos por ele. Viu-se que são conflitos internos que muitas vezes, apresentam frustrações e decepções que acabam desencadeando problemas com o desejo e prazer humano, levando muitos a buscar alternativas, aqui trabalhado com o tema drogas.
Muitas dessas frustrações aparecem no convívio familiar, como é o caso apresentado por Freud em Totem e Tabu e na sociedade bloqueada. A respeito disso pode-se citar o pensamento de Marta Conte, "(...) o traficante acaba ocupando um lugar de suplência da função paterna” devida o desamparo vivido pelo drogado.
Enfim, pode-se perceber que muitos problemas da sociedade contemporânea podem ser resolvidos no campo da psicanálise, baseando-se nas teorias Freudianas.
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
In: Freud, Sigmund. Edição Padrão brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1987. vol.7, p.118-160
Freud, Sigmund. O mal-estar na civilização. In: FREUD, Sigmund. O futuro de uma ilusão, O mal-estar na civilização e outros trabalhos. v. XXI (1927-1931). Tradução de José Octávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1996, p. 73-148.

Freud, Sigmund. Totem e Tabu. Tradução de Órizon Carneiro Muniz. Rio de Janeiro: Imago, 2005.
Conte,Marta. http://www.scielo.br/scielo.php

Nenhum comentário:

Postar um comentário